domingo, 16 de janeiro de 2011

O GRANDE PROBLEMA (E O PROBLEMA MAIOR DO QUE ELE)

Quando me perguntam sobre a teologia não tenho problemas em aceitar que ela é inútil. Aliás, considero tal aceitação um princípio importante para todo profissional da área de humanidades. É importante para o teólogo – bem como para todo acadêmico – saber que seu trabalho não está mudando o mundo (e mesmo que pareça estar sempre há uma insignificância a ser levada em conta).
No entanto, fico nervoso com a impotência da religião e dos religiosos. A religião está no mundo e deveria subsistir para ele. Mas o que acontece é que a religião só existe para si própria bem como os religiosos para seus próprios umbigos. É hora das igrejas abrirem suas portas, mas não para que as pessoas entrem e sim para que elas saiam e sejam religiosos no mundo.
O grande problema é que mesmo deixando a questão da religião de lado o ser humano continua sendo um perito observador de seu próprio umbigo. Há mais coisas a serem vistas!
A face do outro está esperando para ser fitada, e sendo fitada pode até mesmo ser encarada e assim a percepção da humanidade do ser humano é inevitável.
Ou seja, há um problema maior do que o grande problema: o ser humano tem sido inútil (no pior sentido do termo). O ser humano não tem sido humano. O ser humano assiste Big Brother, lê Paulo Coelho, ouve Luan Santana; faz coisas inacreditáveis.
Assim, só me resta pensar que a religião e nossa sociedade são espelhos, um de fronte ao outro. Em ambos o que pode ser visto é uma reprodução infinita da mesma coisa, sem sentido, sem razão, mas com opção: a opção de ser humano – ser ser humano.




Texto de: ELTON SADAO TADA (sempre desapontado com alguma porcaria do ser humano)